Descubra curiosidades sobre a banda goiana que sempre se destaca com sua inegável qualidade na cena underground de Goiânia. Reconhecida como uma das melhores no gênero stoner rock, para os fãs de bandas como Black Drawing Chalks, Hellbenders e Dry. A nossa querida Distorce é uma parada obrigatória!
Uma entrevista realizada com o baterista Felipe Fogaça, que tem como propósito divulgar o festival que ele está organizando "DistorSessions". O evento ocorrerá na @casamarela91 nos dias 1 e 2 de dezembro.
Como surgiu a ideia de formar a banda e como foi o início?
Eu (Felipe Fogaça - baterista), o Vítor Vidal (guitarrista e vocalista) e o Iuri Moreno (ex-baixista, mas eterno membro) estudamos juntos durante o ginásio (Ensino Fundamental) no colégio Agostiniano, em Goiânia, e montamos uma banda autoral no início do Ensino Médio.
Essa banda se chamava UnBreed, um neologismo em inglês que queria significar "sem raça". Apesar do nome em língua estrangeira, as músicas tinham letras em nosso idioma pátrio. Essa era uma banda para nossa pura diversão. O próprio tom impresso nas letras era de descompromisso com a seriedade e a ideia era também brincar com vários estilos. Essa última informação é importante, porque isso permaneceu na gestação e desenvolvimento da Distorce.
No terceiro ano do Ensino Médio, as atividades da UnBreed foram encerradas pra que nós três pudéssemos focar nos estudos para o Vestibular, mas permanecia a vontade de fazer um som. Porém, em nossas conversas, achávamos que tínhamos que amadurecer a sonoridade, levar essa situação toda com mais seriedade. Então as primeiras conversas para montar o que viria a ser a Distorce aconteceram ainda durante o 3º ano do Ensino Médio.
O projeto era iniciar a banda quando aquele período de estudos e provas passasse. Na época, tínhamos descoberto o stoner rock / desert rock. Ouvíamos muito Kyuss, Queens of the Stone Age, Karma to Burn, Nebula, Fu Manchu, Unida, Colour Haze, Black Mountain...
Mas antes dessas descobertas, já tínhamos influências de Led Zeppelin, Pink Floyd e Black Sabbath, além da turma de Seattle: Nirnava, Alice in Chains, Soundgarden, Pearl Jam e bandas como Stone Temple Pilots e Silverchair. Além dessas influências, tínhamos as contemporâneas Foo Fighters e Audioslave sempre tocando nas rádios e se tornaram também parte das nossas influências.
Passado o vestibular, resolvemos colocar em prática o que antes era só um projeto e aí nasceu a Distorce com influências de rock pesado, pitadas de psicodelia e uma necessidade de mesclar gêneros diversos, como o jazz, o reggae, o ska. Isso foi uma herança óbvia da UnBreed. A diferença foi que a sonoridade encorpou, os temas passaram a ter uma abordagem mais séria e migramos para letras em inglês.
A Essência do Nome "Distorce" : Qual o significado por trás do nome da banda e como ele se tornou representativo para vocês?
O Vítor Vidal batizou a banda e a ideia era ter um nome em português, mas com uma sonoridade que também pudesse ser próxima ao inglês (Distort). Distorce traz consigo a ideia de distorção, elemento clássico do rock'n roll, mas também apresenta a ideia de distorção pelas várias influências e mix de estilos, ainda que a base fosse roqueira. Enfim, o nome reflete a síntese do que idealizamos para esse projeto. Por isso, é possível concluir que é um nome bastante representativo para nós.
O Primeiro Disco : Pode compartilhar um pouco sobre a experiência de gravar o primeiro álbum da banda?
A gravação dos 3 EPs , cada qual com três faixas, aconteceu num período relativamente conturbado. Eu, baterista, estava fora da banda e o Iuri, então baixista, tinha informado sua intenção de sair após as gravações, o que se concretizou. Tanto por isso, o lançamento da obra já aconteceu com seu sucessor, Tiago Pereira.
As gravações aconteceram no antigo Complexo. E a bateria da maioria das faixas foi gravada pelo Rodrigo (Hellbenders). Quando o processo estava
relativamente avançado, entrei em contato com o Vítor para propor a gravação de apenas uma faixa: Fog. Mas a ideia de fazer 3 EPs era incompatível com a gravação de apenas uma faixa, pois haveria o risco de diferença de sonoridade.
Com isso, gravei outras duas, além de Fog: Zodiac e El Torero, que foram lançadas em conjunto. Não participei ativamente do processo então não consigo opinar de forma aprofundada. Mas o que posso dizer é que após o lançamento da obra pronta, isso se tornou um dos fatores pra que eu voltasse para a banda.
A sonoridade da Distorce abraça elementos do jazz, Stoner Rock e grunge. Como essa mistura de gêneros influencia o som da banda?
Essa mistura é basicamente a essência da banda. Nossa identidade foi construída em torno desse conceito de caminhar por diversos estilos e sonoridades. Essa estrutura agrada a nós músicos e imagino que torna os shows mais dinânicos.
A última apresentação da Distorce aconteceu no Cidade Rock, dia 24/11/2023, e a percepção foi de que essa mistura também caiu no gosto do público. Isso é muito gratificante para nós. E eu soube que durante as gravações da trinca de EPs, houve algumas pressões externas pra que o som fosse mais direto. Mas, ainda bem, não prevaleceram.
Nós temos que ser quem somos.
Como a banda conseguiu se manter relevante na cena rock underground de Goiânia ao longo de 15 anos?
Eu não sei se somos relevantes. Somos insistentes! A Distorce se tornou um ponto de união da nossa amizade. Logicamente que não se resume à banda, mas sem dúvida é um ponto forte. Então por isso ela permanece: porque nós permanecemos. Fazemos músicas que gostaríamos de ouvir. Eu costumo dizer que sou um dos maiores fãs da minha própria banda. Então, apesar de termos passado por alguns períodos de hiato, permanecemos fazendo novas músicas e com vontade de compartilhar a energia dos shows entre nós mesmos e o público.
Fale sobre os músicos que passaram pela banda ao longo do tempo e da formação atual.
Hoje a Distorce é um power trio, mas no início das atividades era um quarteto. Tivemos dois guitarristas base: Marcelo Macieira, que era nosso amigo dos tempos de colégio Agostiniano e depois foi substituído pelo Igor Pereira, que é primo do Iuri e irmão do atual baixista: Tiago Pereira. A formação atual é: Vítor Vidal (guitarra e voz); Felipe Fogaça (baterista) e Tiago Pereira (baixista). Iuri Moreno permanece fazendo algumas apresentações especiais, mas não está oficialmente na banda. Porém é nosso grande amigo e membro fundador.
Quais são os planos e projetos da Distorce para o futuro? Podemos esperar novos lançamentos ou projetos especiais?
Antes da pandemia, já estávamos trabalhando em material novo. No decorrer dessa pausa forçada, o Vítor se tornou pai. Após a retomada do contato físico irrestrito entre seres humanos, todas as bandas voltaram à ativa, mas nós optamos por respeitar o novo momento do nosso guitarrista.
Então a retomada quanto à composição das novas músicas tem sido gradual. Estamos projetando gravar um novo álbum para o ano de 2024. Sobre projetos especiais, estamos na expectativa de no próximo ano fazer parceria com outras bandas para shows em um novo formato, mesclando os membros delas para prestar tributos a bandas que nos influenciam.
A ideia seria oferecer um novo "produto" ao público e ao mesmo tempo estreitar laços com bandas amigas e com sonoridade/influências semelhantes. Por enquanto, ainda estamos no campo das ideias. Nada concreto. Mas é uma ideia empolgante.
DistorSessions - 15 Anos da Banda : Conte-nos sobre o evento "DistorSessions" em comemoração aos 15 anos da banda. O que os fãs podem esperar deste festival especial?
Daí veio o estalo pra fazer algo que movimentasse a cena e a nós mesmos. Convidamos bandas amigas e que fazem um som que curtimos. Conseguimos uma data na Casamarela e tudo foi confluindo pra dar certo. Os fãs podem esperar bandas de altíssimo nível, com gana de fazer shows memoráveis, com bastante distorção e energia.
Os primeiros a chegarem à Casa vão receber um brinde pra que esse evento especial para nós fique também marcado para os fãs. É aniversário! É festa! Não poderia ser diferente!!!
A Toca Coletivo expressa sua imensa gratidão pela oportunidade desta entrevista, contribuindo para enriquecer e influenciar ainda mais a vibrante cena rock de Goiânia. Muito obrigado!
"Escute o som da banda logo abaixo do flayer"
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